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Clima e energia

  • Foto do escritor: Heleno Proiss Slompo
    Heleno Proiss Slompo
  • 1 de nov. de 2023
  • 3 min de leitura

A influência do clima na produção e consumo de energia


Imagem de Freep!k, produzida por AI


Com o progresso da sociedade, novas fontes de energia foram sendo incorporadas para manter a produção de alimentos e assegurar a sobrevivência das comunidades. Inicialmente, a energia cinética de força humana ou animal fornecia recursos suficientes para atender às necessidades básicas até o surgimento das primeiras civilizações mais complexas. Esse fato se deve, em boa parte, à adoção da sedentarização, que desempenhou um papel fundamental no aumento da população e a divisão do trabalho. Como consequência, o crescimento demográfico também implicou no desenvolvimento de novas estratégias técnicas para impulsionar a produção, superando a demanda das unidades familiares e de autossustento. Essas estratégias envolveram o domínio da natureza e o uso eficiente de recursos nas atividades cotidianas, abrangendo desde a produção de energia para o seu consumo em suas diferentes facetas.


O clima desempenha um papel chave, começando com a potência do Sol, que é a fonte primária da energia da Terra. Toda essa energia que é consumida pelos seres vivos tem origem desse emissor extraterrestre, com exceção das usinas nucleares. Um exemplo notável são os combustíveis fósseis, que se formaram ao longo de milhões de anos a partir do soterramento de materiais biológicos do passado. Além disso, o Sol desempenha um papel crucial no ciclo hidrológico, nos padrões de vento que afetam a superfície terrestre, além das funções eletromagnéticas amplamente já conhecidas. O ser humano então desenvolveu técnicas para aproveitar essa energia, desde a utilização de cata-ventos para a captura do trabalho dos ventos, até a criação de moinhos d'água para aproveitar o movimento da água. Essas tecnologias culminaram em empreendimentos de grande porte, como as usinas, que produzem uma quantidade de energia antes nunca vista.


Apesar da existência dessas técnicas, as mudanças nos padrões climáticos estão gerando incertezas e demandando a necessidade de modificar a matriz energética dos países. Isso não se limita apenas à questão da energia insustentável, como os combustíveis fósseis, que requerem políticas de transição energética, mas também diz respeito à dependência de muitos países em relação às fontes de energia meteorológicas. O Brasil é um exemplo notável nesse contexto. Embora seja considerado uma referência em seu setor energético sustentável de base hidroelétrica, ele continua vulnerável às crises hídricas que vem ocorrendo periodicamente. No que se refere à eólica, 3% da energia mundial é oriunda dos movimentos atmosféricos, e a tendência é aumentar. Estudos já vêm apontando que mudanças climáticas podem impactar de modo heterogêneo a espacialidade das características dos ventos, como a velocidade. Sabe-se, no entanto, as complexidades do mercado energético, o que demandaria mais estudos interdisciplinares neste setor.


Uma linha de pesquisa que tem crescido nas últimas duas décadas é a análise da relação entre o consumo de energia e a variabilidade climática. Além de estudar a produção de energia em relação a fatores meteorológicos, tem havido um aumento no estudo dos hábitos de consumo, incluindo o uso de eletrodomésticos. Isso ocorre porque a temperatura e a umidade são dois elementos que têm um impacto direto no equilíbrio homeostático do corpo humano, resultando em desconforto e, por conseguinte, um aumento no consumo de certos aparelhos, como chuveiros e climatizadores, dentre outros. Muitos estudos vêm abarcando análises de caso em cada país, sobretudo na Ásia e países europeus. Também é uma abordagem interessante dado que é através do conhecimento do consumo de energia, que é possível a formulação de políticas energéticas. Mesmo que como ocorre em estudos climatológico comportamentais de clima e criminalidade, a variável clima pode ser um dos aspectos a serem estudados.


Referências usadas


CARVALHO, J. F. de .. (2014). Energia e sociedade. Estudos Avançados, 28(82), 25–39.


GOLDEMBERG, J. Potencialidades da energia solar no Brasil. Scientific American Brasil, São Paulo, SP, n.69, p. 44-45, fev.2008.


HDIDOUAN, D., & Staffell, I. (2017). The impact of climate change on the levelised cost of wind energy. Renewable energy, 101, 575-592.


ZHANG, C., Liao, H. & Mi, Z. Climate impacts: temperature and electricity consumption. Nat Hazards 99, 1259–1275 (2019).

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